Não é de hoje que essa polemica vem atormentando os pais, desde meados dos anos 80 quando os primeiros vídeos-games começaram a penetrar no mercado nacional começou-se a observar o imenso fascínio que essa modalidade de diversão causa nas crianças.
Com o decorrer dos anos e as mudanças sociais e tecnológicos que o Brasil passou, contribuiu para que o uso desses jogos se tornasse praticamente onisciente na infância contemporânea, ainda mais com a popularização de dispositivos móveis como tablets e smartphones.
Mas quais são os efeitos dessa exposição por vezes tão precoce?
É cena comum ver crianças bem pequenas, bebês mesmos, presas a cadeirinhas a tatear telas de celulares ou tabletes em restaurantes e lanchonetes, quando maiores já possuem um arsenal de aplicativos e jogos a sua disposição, reforçados por um conjunto midiático formado por um aparato publicitário integrado com programas infantis, brinquedos e todo uma cultura que estimula o consume destes jogos, eles acabam adentrando de alguma forma todos os estratos sociais da infância atual. Não é incomum crianças e adolescente que ficam exposta por vezes de forma não monitorada a horas e horas de jogos, dias a fio, chegando a superar em alguns casos o tempo de exposição a TV, escola e convívio familiar. Pesquisas da National Purchase Diary Panel, companhia americana de pesquisas de mercado mostrou que em 2015 a média de horas jogadas semanalmente chegavam a 15 horas semanais.
Mas quais podem ser os efeitos que tal exposição pode acarretar a nossos pequenos?
De um lado temos o sério problema do sedentarismo infantil, crianças paradas em frente a uma tela por horas a fio, com pouca chance de movimento, seja pela vida em apartamentos ou quintais apertados, seja por um estilo e concepção de infância que tolhe o movimento e estimula o “bom comportamento” ou seja crianças quietinhas, aliados a games e smartphones, estamos criando a primeira geração de humanos cuja algumas crianças possuem doenças tradicionalmente ligadas a meia idade, como colesterol alto, hipertensão e aumento nos casos de diabetes.
Outro ponto muito importante é o isolamento que tais atividades podem causar, embora os recursos de compartilhamento e jogos em rede permitam jogar com pessoas do outro lado da terra em tempo real, também pode fazer com que nossas crianças se isolem em seus quartos. Isso gera um descompasso social, dificuldades em interações reais podendo em casos extremos gerar fobias sociais e depressão. Contudo os casos mais extremos estão ligados a dependência psicológica que tais jogos podem causar, no cérebro o jogo gera várias reações químicas, entre elas a liberação de dopamina, hormônio responsável pela sensação de prazer que acontece como recompensa quando algo prazeroso acontece, como comer uma boa comida, superar um grande desafio entre outros, o problema é que jogos eletrônicos tem em sua arquitetura a superação de desafios e quando esses desafios são superados uma grande quantidade de dopamina é liberada, com o tempo sempre será preciso mais desafios e mais tempo para se obter a mesma sensação, está ai formada uma espiral que pode acabar debandando em vício, semelhante mesmo ao uso de drogas ilícitas como cocaína e heroína e ao consumo de tabaco. Tal é a gravidade da situação que a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a classificar o vício em games como um transtorno psiquiátrico.
Caso você perceba que a criança está com problemas de concentração, deixando de fazer atividades que antes gostava e passando tempo excessivo com os games, procure limitar o acesso a criança, busque sempre o diálogo, explicar os malefícios dos excessos e em casos extremos é fundamental a procura de uma ajuda profissional, escolas, a família e o serviço de saúde serão indispensáveis nestes casos.