Quem é fã da franquia Star Trek com certeza conhece bem o futuro que ela apresenta para a humanidade; Em alguns séculos, após vencer uma série de eventos, entre eles uma guerra nuclear a humanidade evolui para uma sociedade altamente organizada, onde pobreza, doenças, guerras e violência desapareceram, a humanidade agora faz parte de uma sociedade galáctica, onde várias civilizações compõem a Federação de Planetas Unidos, mundos que se uniram numa civilização dedicada a exploração espacial e desenvolvimento científico, mas a nós educadores o que não nos passa despercebido é o sistema educacional que se desenvolveu, em alguns episódios das inúmeras séries em especial em Star Trek: The Next Generation podemos observar como os jovens são instruídos, numa sociedade onde o conhecimento substituiu o dinheiro como unidade de valor, as crianças são instruídas com o que mais moderno aquela sociedade possui, pelas referências os pequenos aprendem por meio de projetos e construindo complicado equipamentos, em Star Trek é comum ver crianças programando complicados algoritmos nos poderosos computadores das naves espaciais. Mas ficção cientifica a parte, o que nos anos 80 parecia impossível vem aos poucos tomando forma, não que a ideia seja nova, uma vez que ela é fundamentada nos trabalhos de vários pesquisadores entre eles Seymour Papert que ainda nos anos 70 desenvolveu a linguagem LOGO destinada a usar a programação de computadores na educação de crianças. A LOGO era essencialmente uma linguagem textual, uma vez que em um tempo onde ainda não se existia interface gráfica , por meio de comandos escritos os alunos programavam o percurso de um pequeno robô que possuía uma caneta acoplada a seu corpo, com isso era pedido que as crianças criassem quadrados, círculos entre outros desafios que variavam de acordo com a experiência e faixa etária dos alunos.
Com o passar do tempo e popularização dos computadores pessoais, a LOGO foi adaptada ao uso nas telas substituindo o robô por um avatar de uma tartaruga.
Com o tempo foram surgindo novas alternativas em especial o Scratch lançado em 2007 e desenvolvido pelo Media Lab do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) pela equipe do professor Mitchel Resnick que foi colaborador de Seymour Papert no Mid Lab, hoje o conceito do Scratch que é baseado na programação em blocos, é a base de inúmeros projetos, como o do site CODE.ORG ou da iniciativa da Google, o Google App Inventor que permite criar aplicativos funcionais para smartphones. Na grande maioria os recursos são totalmente gratuitos e disponíveis em língua portuguesa.
Com a abundante oferta e com o imenso ecossistema de tutoriais, vídeo aulas e comunidades a implementação de iniciativas acabam se tornando viáveis em ambientes com equipamentos bem básicos.
Mas modismo a parte qual a vantagem de se aventurar por essas praias com nossos pequenos? Em entrevista à Revista Escola, Charles Niza, mestre em engenharia afirma:
“O ensino de programação é importante porque estimula a criatividade, a autonomia e desenvolve o raciocínio lógico e a capacidade de resolução de problemas e trabalho em equipe, habilidades muito valorizadas no século 21.”
Com a programação podemos realizar o que Papert costumava afirmar: “Permitir que a criança domine a tecnologia, ao invés de ser dominado por ela”
Ao programar invariavelmente os alunos são estimulados a desenvolver uma série de habilidades e explorarem inúmeros recursos advindo de outras disciplinas, em especial a matemática.
Outra grande habilidade desenvolvida é a criatividade, uma vez que ao se procurar soluções para problemas de programação, como tentar fazer com que um personagem solte lazeres pelos olhos, ou bata as asas, as crianças podem encontrar inúmeras alternativas.
Com o ensino da programação as crianças desenvolvem de maneira muito sadia habilidades de trabalho em grupo, uma vez que alguns desafios exigem muito dos pequenos.
No geral a programação aliada às iniciativas dos ambientes “maker” onde os alunos produzem variados projetos, tendem a ser a tendência da educação no século XXI, embora ainda estejamos longe da Academia da Frota Estelar de Star Trek, iniciamos neste começo de século a encontrar os rumos para educação e reencontrar o papel da escola neste mundo em mudanças e bits.
Matéria Revista Escola: https://novaescola.org.br/conteudo/113/por-que-ensinar-programacao-na-escola
8 razões para ensinar programação a crianças e adolescentes, Agência de notícias CNI: https://noticias.portaldaindustria.com.br/listas/8-razoes-para-ensinar-programacao-a-criancas-e-adolescentes/
Iniciativas:
PROGRAMAÊ: http://programae.org.br/
CODE: www.code.org
SCRATCH: https://scratch.mit.edu/